quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quem sois vós que vem me visitar?

Sentia no rosto o vento frio da manhã de sabado, naquele inicio de abril. Algumas gotas de chuva caiam esparsamente. Olhando para cima podia ver um mar de nuvens negras. Seria o rodeio dos ventos?
As nuvens deixavam o ambiente pesado e opressivo. Até gostei daquele frio. Tinha algo de saudoso e triste nele, e a dor era uma amiga nessa manhã.
A memória libertou-se das amarras da consciencia e engoliu distancias. Esfrego as mãos geladas. Sinto frio. Lembro dos sorrisos, de quantas vezes tinhamos discutidos, um querendo impor ai outro seu ponto de vista. Quantos desejos de boa-sorte e conselhos tinhamos falado.
Lembrei de uma vida nova começando. Um onibus. Uma cidade estranha, perdida em algum ponto desconhecido do mapa. O sentimento de vitória tambem se fez presente no dia em que te avisei que "agora estou em paz". Agora não posso sorrir
Lentamente me sento no chão, busco nos bolsos um cigarro. Não tenho mais. Quantas vezes me pediu para parar? Quantas vezes falei que parava quando quisesse?
Outros rostos surgem nas lembranças. Alguns, há anos eu não via. Haviam ficado para trás mesmo. Todos tem alguma coisa para dizer. Todos me trazem uma peça do imenso quebra-cabeças chamado destino. Passo a passo vou montando meu passado. Não sei se chegarei no meu presente. Acho que não quero. São tantos momentos. Tantas pessoas para me visistar...
Não consigo me lembrar se alguma vez chorei por ti.... Creio que não. Sim. Imagino que sim. Nunca me decepcionou, isso posso garantir. Nunca te dei um presente. A minha memoria não me engana. Eu já te decepcionei.
O tempo, mais do que nunca, parecia não ter passado. Era tão real e palpavel. Sentia nos ossos um frio estranho. Não daqueles provocados pelas baixas temperaturas. Um frio na alma. Sentia fome. Fome de viver. Sentia-me impotente. Não sabia o que fazer. Nem o que falar. Dizem que as cores das flores definem um sentimento. Qual é a cor do meu pesar?
Branco? Vermelho? Amarelo? Incolor talvez...
Não. Nada me serve hoje. Não quero paz. Não quero mais dor. Já tenho minha cota. Me contento com o que possuo.
Impotente?
Submisso? Não. Nunca. Jamais.
Mas, em silêncio sim. Dessa forma quero ficar.
Meus olhos tristes acompanham esse tempo cinzento, que reaviva o passado e remexe a memória. Quantas vitórias...
Bem mais que derrotas.
Garanto

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