quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Sabado 1º parte

Os convites que tinham chegado na semana anterior iam sendo entregues a cada um que embarcava no onibus. O clima de festa aumentava na quantia que os lugares iam sendo ocupados. Surgindo do nada, instrumentos de pagode e começava as famigeradas interpretações covers de sucessos indefectiveis: Trem das Onze, Madalena, Sozinho e outras podreiras.
O destino: Cruz Alta. Motivo: Comemoração do aniversario do Adão. Centroavante icone do time de varzea do "véio" joão no final dos anos 1980 e inicio dos anos 1990.
A viagem durou 6 horas, regada a muito "pé sujo" e cachaça pura mesmo, vinho de mão em mão e... pagode. Nos intervalos, rolava umas sertanejas. Uma das piores jornadas minhas. O motorista usava um tapa ouvidos amarelo. Eu ia com meu walkman. Parecia que não ia terminar nunca essa viagem. Mas, o motivo era louvavel.
Adão foi uma estrela no futebol de varzea da zona sul de Cruz Alta. Até o ex-governador do Estado tinha ido olhar um jogo dele. Foi em um clássico ocntra o Ipiranga da Charqueada. Assim, no singular mesmo. Ficou muito impressionado, como escreveu o jornal Diario Serrano, folhetim municipal que relata as noticias diarias de Cruz Alta e região.
A 1 hora da tarde, o onibus passou em frente ao La Kaza e houve uma verdadeira revolução dentro do ônibus... Ou pandemonio? Eram os casados e solteiros numa gritaria para estacionar o ônibus. As mulheres presentes olhavam para o outro lado. Qualquer coisa poderia ser. Gritos de "Para o onibus, motora...", "Tamô em casa, Tamô em casa..." Os tampões nos ouvidos do motorista salvaram os ultimos quilometros da viagem.
Chegamos em frente ao antigo bailão do Antero e desembarcamos na maior festa. Havia bandeiras nas janelas, da dupla, do Guarani e uma faixa alusiva ao aniversariante.
As rua, normalmente esburacadas, estavam limpas e os cordões estavam pintados de cal e um caminhão do Kiko, se não me engano, tocava musicas num volume ensurdecedor. Era uma festa só.
O jogo seria as 4 horas da tarde, na taba Índia, onde viria muitos convidados. Com o pessoal da vila seria no domingo. Eu não iria na Taba, pois tinha dormido no ponto e ficado sem ingresso. Ia assistir pela televisão. A RBS transmitiria o jogo.
Quando cheguei em casa fiquei surpreso porque ate lá estavam comemorando. O Eliseu contando das vezes que tinha entrado em campo, jogando ao lado do Adão. Realmente seria uma festa que Cruz Alta nunca mais iria esquecer.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quem sois vós que vem me visitar?

Sentia no rosto o vento frio da manhã de sabado, naquele inicio de abril. Algumas gotas de chuva caiam esparsamente. Olhando para cima podia ver um mar de nuvens negras. Seria o rodeio dos ventos?
As nuvens deixavam o ambiente pesado e opressivo. Até gostei daquele frio. Tinha algo de saudoso e triste nele, e a dor era uma amiga nessa manhã.
A memória libertou-se das amarras da consciencia e engoliu distancias. Esfrego as mãos geladas. Sinto frio. Lembro dos sorrisos, de quantas vezes tinhamos discutidos, um querendo impor ai outro seu ponto de vista. Quantos desejos de boa-sorte e conselhos tinhamos falado.
Lembrei de uma vida nova começando. Um onibus. Uma cidade estranha, perdida em algum ponto desconhecido do mapa. O sentimento de vitória tambem se fez presente no dia em que te avisei que "agora estou em paz". Agora não posso sorrir
Lentamente me sento no chão, busco nos bolsos um cigarro. Não tenho mais. Quantas vezes me pediu para parar? Quantas vezes falei que parava quando quisesse?
Outros rostos surgem nas lembranças. Alguns, há anos eu não via. Haviam ficado para trás mesmo. Todos tem alguma coisa para dizer. Todos me trazem uma peça do imenso quebra-cabeças chamado destino. Passo a passo vou montando meu passado. Não sei se chegarei no meu presente. Acho que não quero. São tantos momentos. Tantas pessoas para me visistar...
Não consigo me lembrar se alguma vez chorei por ti.... Creio que não. Sim. Imagino que sim. Nunca me decepcionou, isso posso garantir. Nunca te dei um presente. A minha memoria não me engana. Eu já te decepcionei.
O tempo, mais do que nunca, parecia não ter passado. Era tão real e palpavel. Sentia nos ossos um frio estranho. Não daqueles provocados pelas baixas temperaturas. Um frio na alma. Sentia fome. Fome de viver. Sentia-me impotente. Não sabia o que fazer. Nem o que falar. Dizem que as cores das flores definem um sentimento. Qual é a cor do meu pesar?
Branco? Vermelho? Amarelo? Incolor talvez...
Não. Nada me serve hoje. Não quero paz. Não quero mais dor. Já tenho minha cota. Me contento com o que possuo.
Impotente?
Submisso? Não. Nunca. Jamais.
Mas, em silêncio sim. Dessa forma quero ficar.
Meus olhos tristes acompanham esse tempo cinzento, que reaviva o passado e remexe a memória. Quantas vitórias...
Bem mais que derrotas.
Garanto