sexta-feira, 19 de junho de 2009

Uma boa musica campeira


Que Colorada Veiaca!
Joca Martins
Composição: Indisponível


Quem sova basto e cavalo conhece bem o perigo

Se por destino ou castigo a volta às vezes se enfeia

Esporas, mango, maneia, são armas de utilidade

Quando sem necessidade um beiçudo se aporreia


O mulato Jovelino ainda parava no basto

Embora um tanto já gasto das “doma” e da lida dura

Mas sustentava a figura de campeiro e ginetaço

Que nas chilenas de aço fez nome nessas planuras


A colorada cabana gostava de picardia

“Cangava” quando queria pra “exprimentá” o vivente

Muito metido a valente pagou vale à reservada

E foi ficando encruada sem fazer causo de gente


Um dia os dois se toparam no clarão de uma pegada

Quando formou a eguada o paysano embuçalava...

Depois... tranqüilo encilhava descrente da sorte ingrata

Um diabo de quatro patas numa maneia de trava


“A colorada é veiaca...!” Sentenciou o capataz

Quando a bruta assim no más se revoltou com o mulato

E se abaralhou de fato coiceando nas “barriguera”

Mas se enredou na soiteira e nas puas de um carrapato


Batendo os quatro caneco se destrinchava na volta

Então um lóro se solta quando “rebenta” a encimeira

Mas a espora mordedeira abrindo toca se engancha

Meio que a maula se prancha e o negro apruma a carreira


De mau jeito forcejava como nunca imaginado

Pendia o corpo pra um lado no instinto se acomodava

E num pé só se estrivava pra não perder o careio

Se equilibrava no reio e co´a outra pata esporeava


E a égua se destorcia blandeando rente do chão

Um índio de tradição não é assim que se saca

Mas o negro abre as estaca cruza a perna e sai correndo

E susurra se benzendo: “-Que colorada veiaca!”
ISSO É PRA LEMBRAR QUE ATÉ QUEM É BOM TEM QUE SE RENDER PARA ALGUMAS DIFICULDADES OU DEFEITOS ALHEIOS.
ALGUNS SIMPLESMENTE NÃO TEM JEITO. NÃO APRENDEM NUNCA.

terça-feira, 16 de junho de 2009

chão frio

seus olhos miravam o nada
baixos, da altura do chão frio
um olhar de agonia
que destruído olhava o nada
do fundo do seu ser brotava a dor
que sem explicação avançava para o resto do corpo
de longe ouvia o barulho da cidade em movimento
ali, dentro do quarto escuro só o silêncio mortal
a noite, hoje medonha
se aproximava lentamente
logo os demônios do escuro,
os fantasmas da noite se libertariam dos grilhões do dia
libertariam seus gritos para as estrelas
ferindo os ouvidos de quem acredita na esperança
a dor transbordaria pelos poros e se derramaria pelo chão frio
o sangue iria fluindo
conhecendo o mundo cão
o corpo inerte repousando no chão frio
se despedindo da vida
a dor acalmando
o coração parando
o futuro acabando