quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal!!!

Natal!!!
Doce data. 25 de Dezembro.
Naquela noite tudo parecia correr bem. Ele estava com seu brinquedo. Um carrinho amarelo. Seu irmão também brincava por ali.
Dentro de casa mãe conversava animada com as visitas. Lá fora seu pai assava uma carne e tomava cerveja ou caipira. Ele não lembra direito. Mas era noite de Natal.
A noite clara era propícia para brincadeiras e era isso que os irmãos faziam. Brincavam na área. Mais tarde, após a ceia, iriam encontrar os amigos pela rua e correr mais um pouco.
Alheio a tudo, eles disputavam espaço para seus brinquedos... E, como não podia ser diferente, havia disputas.
O mais novo irritado com a situação, levantou do chão onde estava e chutou para longe o carrinho do mais velho.
Este não deixou por menos... Chutou o brinquedo dele também.
Como desgraça não vêm só, esse chute seu pai viu.
Homem bruto. Sem condições de dialógos com os filhos. Sem a minima noção de entender que o que estava ali era a disputa saudável de dois irmãos levantou furioso. Mas furioso com o quê? Se pergunta hoje o mais velho.
Surrou o menino mais velho na noite de Natal. Não foi uma surrinha não. Foi forte. Batia forte e pela pernas do guri escorria o mijo da dor e do medo.
Um braço erguido, seguro pela mão firme. Calejada por anos a fio de serviço forçado. E, as pernas na tentativa vã de escapar das palmadas batia soltas no ar.
Aquela noite terminou, como terminaram todas as outras noite de sonhos e papais noéis que nunca existiram.
Dormiu mijado dividindo a cama com o mais novo na noite de Natal. O rosto virado para a parede.
Aquele guri mais velho era eu. Aquele homem bruto era meu pai. Eu nunca mais gostei da noite de natal. Passei a acreditar que essa noite é a mais deprimente do ano e eu nunca vi o papai noel. Nem dentro do meu coração. Acho que ele nunca existiu.
Essa é a primeira vez que conto essa história.
Não pense que sou infeliz. Muito pelo contrário.
Só não acredito no NATAL.

Um comentário:

Unknown disse...

Pois é meu querido amigo, por essas e outras, algumas das histórias que sei e outras não, que te considero tanto, que tenho por ti muito respeito.
O conto da passagem da tua infância, me faz pensar que a história agora vai ser diferente, a Nick vai ter outros natais diferentes do teu, por enquanto não vai se perceber tanto, mas logo, logo, porque o tempo passa rápido, teus natais vão ter mais brilho e outra significação, pode apostar, meu amigo.
Bjos p vc e para tua linda familia!